“A morte que tanto rouba”
Quando morre o poeta,
O mundo para de olhar;
Não vive, não sonha,
Não sabe pensar.
O poeta é a voz
E a vida que faz cantar;
No que sente e escreve,
Ensina-nos a amar.
Quando morre o poeta,
A noite não tem luar;
Não há mais quem repare
Nas estrelas a brilhar.
O poeta é a voz
E a vida que faz cantar;
No que sente e escreve,
Ensina-nos a amar.
Quando morre o poeta,
Não há aves a voar;
Não há quem veja as crianças
Sorrindo a saltitar.
O poeta é a voz
E a vida que faz cantar;
No que sente e escreve,
Ensina-nos a amar.
Quando morre o poeta,
Ninguém mais fala de amor
Como ele sabe sentir
E dar-lhe o seu valor.
O poeta é a voz
E a vida que faz cantar;
No que sente e escreve,
Ensina-nos a amar.
Quando morre o poeta,
A pena deixa de criar;
A alegria chega à meta,
Não há mais para cantar.
Gabriel Rito
Novembro de 1974