"A terra que me gerou…"
Terra onde não estou
Terra onde nasci
Terra onde germinou
Tudo o que em novo vivi.
Terra do milho e do pinheiro
Terra do lavrador
Terra do trigo e do centeio
Terra adubada com suor.
Dos avós veio a tradição
De trabalhar Sol a Sol
Até criar calos nas mãos
Para se ganhar o pão.
Vêem-se os lavradores
Com arados e canseiras
Removendo a terra seca
Na época das sementeiras.
Vêem-se as lavadeiras
Lavando com mil cuidados
Suas roupas domingueiras
Para aparecer aos namorados.
Vêem-se os moleiros
Em fila pelos caminhos
Toque, toque, atrás das mulas
A caminho dos moinhos.
Vêem-se os resineiros
Com farnéis e suas latas
Extrair seiva dos pinheiros
Galgando frondosas matas.
Ouve-se a voz do carteiro
Que traz notícias de fora
De moça ou rapaz solteiro
Que de longe ou perto namora.
Vêem-se em noites de luar
Costumes da tradição
Desde a debulha ao malhar
O milho que dará pão.
“Milho Rei, espiga vermelha
A quem sair, beijo darei
E ao que sair primeiro
Eu com ele me casarei”.
É esta a terra do milho
É esta a terra do pão
Que semeou cada filho
Da semente de sua mão.
Eis a terra de onde vim
O meu saudoso torrão
Terra que dentro de mim
Semeou esta canção.
Gabriel Rito
Março de 1973