"A terra que me gerou…"

08-02-2011 15:55

 

Terra onde não estou

Terra onde nasci

Terra onde germinou

Tudo o que em novo vivi.

 

Terra do milho e do pinheiro

Terra do lavrador

Terra do trigo e do centeio

Terra adubada com suor.

 

Dos avós veio a tradição

De trabalhar Sol a Sol

Até criar calos nas mãos

Para se ganhar o pão.

 

Vêem-se os lavradores

Com arados e canseiras

Removendo a terra seca

Na época das sementeiras.

 

Vêem-se as lavadeiras

Lavando com mil cuidados

Suas roupas domingueiras

Para aparecer aos namorados.

 

Vêem-se os moleiros

Em fila pelos caminhos

Toque, toque, atrás das mulas

A caminho dos moinhos.

 

Vêem-se os resineiros

Com farnéis e suas latas

Extrair seiva dos pinheiros

Galgando frondosas matas.

 

Ouve-se a voz do carteiro

Que traz notícias de fora

De moça ou rapaz solteiro

Que de longe ou perto namora.

 

Vêem-se em noites de luar

Costumes da tradição

Desde a debulha ao malhar

O milho que dará pão.

 

“Milho Rei, espiga vermelha

A quem sair, beijo darei

E ao que sair primeiro

Eu com ele me casarei”.

 

É esta a terra do milho

É esta a terra do pão

Que semeou cada filho

Da semente de sua mão.

 

Eis a terra de onde vim

O meu saudoso torrão

Terra que dentro de mim

Semeou esta canção.

 

Gabriel Rito

Março de 1973