"Além - Tejo"

08-02-2011 12:24

  

É uma planura atraente

De real beleza bordada

Aloirada e muito ardente

De formas e jeitos prendada

Querida de tanta gente

E por todos tão gabada.

 

Cobre-se com lindo céu

Debruado de nuvens puras

Majestoso é esse véu

Que a protege lá das alturas.

 

Cintilante de estrelas à noite

Por vezes gelada

Fazendo-lhe apetecer

Abraços quentes

De amor confortada.

 

Os sobreiros vistosos

Salpicam vaidosos

Esse horizonte sem fim

Mas nosso olhar

Paira em cada monte

Branco de pureza

Azul de nobreza

E cheio de vida dura

Embutido neste jardim

De rara beleza

Que muito inspira

E felizmente perdura.

 

A água que rara

Surge fresca e preciosa

Saciando a vida e esperança

Escorrendo até ao mar

De aventuras e descobertas

Para onde avança vagarosa

Escolhendo bem os recantos

Tão caprichosa.

 

Nesta bela vastidão

Nascem o trigo e ervas floridas

Fartam sabores

As papoilas rubras de paixão

E alguma solidão.

 

De odores e sabores apetitosos

Se compõem os simples alimentos

Que geram alentos

Neste penar lento

De labutas sem fim.

…Era assim.

 

O corpo endurece

E a alma cresce

A este povo que sente

Sabe ser gente

E consegue ser feliz.

 

Sempre presente e de pé

Com orgulho seu povo canta

Resistente e vivo de fé

Este Alentejo que encanta.

 

É este e sempre assim

Que me faz imaginar

Gravei-o bem dentro de mim

Para na tela expressar.

…E perpetuar.

 

Gabriel Rito

13-09-2004

(A amizade tem destas coisas: Faz acontecer e dedicar.

Este poema teve origem na ideia de dedicar algo a um grande amigo alentejano de Sabóia, junto à barragem de Santa Clara.

Esse amigo, proprietário do Cinema Girassol, em Vila Nova de Mil Fontes, é muito conhecido dos cinéfilos deste país e não só. Trata-se do meu amigo “Projeccionista Andarilho” António Feliciano. Talvez o mais entendido Projeccionista deste país. No mínimo, faz tudo por isso. Um grande abraço para ele.)