"Além - Tejo"
É uma planura atraente
De real beleza bordada
Aloirada e muito ardente
De formas e jeitos prendada
Querida de tanta gente
E por todos tão gabada.
Cobre-se com lindo céu
Debruado de nuvens puras
Majestoso é esse véu
Que a protege lá das alturas.
Cintilante de estrelas à noite
Por vezes gelada
Fazendo-lhe apetecer
Abraços quentes
De amor confortada.
Os sobreiros vistosos
Salpicam vaidosos
Esse horizonte sem fim
Mas nosso olhar
Paira em cada monte
Branco de pureza
Azul de nobreza
E cheio de vida dura
Embutido neste jardim
De rara beleza
Que muito inspira
E felizmente perdura.
A água que rara
Surge fresca e preciosa
Saciando a vida e esperança
Escorrendo até ao mar
De aventuras e descobertas
Para onde avança vagarosa
Escolhendo bem os recantos
Tão caprichosa.
Nesta bela vastidão
Nascem o trigo e ervas floridas
Fartam sabores
As papoilas rubras de paixão
E alguma solidão.
De odores e sabores apetitosos
Se compõem os simples alimentos
Que geram alentos
Neste penar lento
De labutas sem fim.
…Era assim.
O corpo endurece
E a alma cresce
A este povo que sente
Sabe ser gente
E consegue ser feliz.
Sempre presente e de pé
Com orgulho seu povo canta
Resistente e vivo de fé
Este Alentejo que encanta.
É este e sempre assim
Que me faz imaginar
Gravei-o bem dentro de mim
Para na tela expressar.
…E perpetuar.
Gabriel Rito
13-09-2004
(A amizade tem destas coisas: Faz acontecer e dedicar.
Este poema teve origem na ideia de dedicar algo a um grande amigo alentejano de Sabóia, junto à barragem de Santa Clara.
Esse amigo, proprietário do Cinema Girassol, em Vila Nova de Mil Fontes, é muito conhecido dos cinéfilos deste país e não só. Trata-se do meu amigo “Projeccionista Andarilho” António Feliciano. Talvez o mais entendido Projeccionista deste país. No mínimo, faz tudo por isso. Um grande abraço para ele.)