“Triste Monotonia”
Se todos fizessem uma canção
Desde os passos da infância
Fariam ver ao Mundo-cão
Erros graves de ignorância.
Inocente menino que nasce
Roto, sujo, esfomeado.
Assim cresceu
Assim viveu
Sem amor
Apenas dor.
Sem carinho
Sem amizade.
Assim o Mundo o viu
Tropeçando pela vida
Sempre de mão estendida
Ninguém o socorreu.
Vende pentes
Fuma beatas
Bebe copos para alegrar…
Sujo, esfomeado
Dorme ao relento destapado
Até ao romper do dia.
Acorda cansado
E sem alimento
Caminha para o longo dia…
Fuma beatas
Vende pentes
Vem a noite seguida do dia…
-Que triste monotonia!
Gabriel Rito
Março de 1972